quinta-feira, 28 de março de 2013

A realidade por trás do anarquismo



É comum encontrarmos por aí pessoas que vinculem a ideia de “anarquismo” ao caos, ausência de organização, rebeldia, hostilidade,  sexo drogas e rock’n roll. Contudo, essa forma de ver a ideologia anarquista é totalmente errônea.

A palavra anarquismo, oriunda da palavra “ánarkhos” , que significaria mais ou menos, a “ausência de governo”,  nada mais é do que uma forma de organização da sociedade em que não haja hierarquia, propriedade privada ou qualquer outra forma de dominação de um indivíduo para com o outro.

Apesar da maioria dos historiadores apontarem a origem da anarquia como datada por volta dos séculos XVIII e XIX, há evidências que apontam que o anarquismo, não com o mesmo nome que é que conhecido atualmente, já possuía suas noções básicas e insurgia no período da Antiguidade Clássica na Grécia, originando-se mais precisamente numa corrente filosófica clássica conhecida como “Cinismo”.
(Antístenes 445-365 a.C)
O cinismo, fundado por um discípulo de Sócrates, conhecido como “Antístenes”, por volta de 400 a.C, pregava em sua essência basicamente o desapego total aos bens materiais externos. Zenão de Cítio também pode ser considerado outro expoente na construção do que é hoje conhecido como anarquismo. Zenão de Cítio, em uma de suas oposições à defesa da autoridade de Platão, argumentava que a razão poderia substituir a autoridade humana na administração dos assuntos humanos.

(William Godwin 1756-1836)
O anarquismo, conhecido tal como é hoje, desenvolveu-se no período moderno, por volta do século XVIII, com o jornalista, filósofo político e novelista inglês William Godwin, que é considerado o primeiro a dissertar e formular as concepções políticas e econômicas do que viria a ser intitulado como anarquismo.

Porém, foi o francês Pierre-Joseph Proudhon, o primeiro a se auto-proclamar anarquista e a difundir a ideologia pela Europa. É importante ressaltar que o termo “anarquista” já existia nesse período, porém era considerado um termo pejorativo entre os revolucionários da época.

O anarquismo ganhou diversos adeptos, principalmente pela Europa no século XX. Chegando até a tentativa de ser implantado na Ucrânia por Nestor Makhno, no mesmo período em que se sucedia a Revolução Russa em 1917.

No Brasil, o ideal anarquista pode ser registrado pela primeira vez no ano de 1890, com a influência de diversos imigrantes vindos da Itália que tiveram contato com o anarquismo na Europa. A fundação da “Colônia Cecília” no estado do Paraná é o primeiro registro oficial que se tem de uma tentativa de implantação do anarquismo no Brasil. O principal idealizador e incentivador dessa tentativa foi o jornalista e agrônomo italiano Giovanni Rossi.

Existem diversos outros nomes importantes na história do anarquismo desde seu surgimento na Antiguidade Clássica até os dias atuais, como: Mikhail Bakunin, Max Stirner, Liev Tolstoi, Piotr Kropotkin etc.

Apesar de o anarquismo ser considerado uma doutrina política e socioeconômica de organização da sociedade, não há nenhum registro oficial de que esse sistema de organização social tenha sido instaurado em alguma nação até os diais atuais. Apenas tentativas mal sucedidas como foi o caso de Nestor Makhno na Ucrânica e de Giovanni Rossi aqui no Brasil.

A maioria das pessoas vê o anarquismo como uma utopia na sociedade. Talvez porque faça parte do intrínseco do ser humano querer ter autoridade sobre o outro, participais de níveis hierárquicos e buscar possuir cada vez mais bens materiais em sua vida. Por outro lado, também pode ser considerada uma questão de cultura, visto que desde a nossa infância somos ensinados coagidos a obedecer à autoridade de nossos pais, irmãos mais velhos e pessoas com maior idade que a nossa, até as leis que compõe nosso país, sem necessariamente, procurarmos refletir se essa obediência que seguimos é racional ou não.

Grande parte dos adeptos do anarquismo argumenta que essa doutrina de organização da sociedade é a mais humanista e correta possível, visto que numa sociedade organizada com base em princípios anarquistas prevalece o ideário comum, a liberdade total do homem perante as suas escolhas na sociedade, sem necessariamente deixar a responsabilidade de fora desse processo.

Na sociedade atual, onde o capitalismo e o consumismo desenfreado ganha cada vez mais força, se consolidando no cenário internacional e tornando as pessoas menos altruístas e mais individualistas possíveis, o anarquismo torna-se realmente uma utopia cada vez mais inconcebível e inalcançável.

Mas e você, acredita que algum dia o anarquismo possa deixar de ser somente uma ideia revolucionária e tornar-se uma realidade vigente? Não deixe de comentar e deixar sua opinião sobre o tema. Assim como ajudar compartilhando o post caso goste e tornando-se seguidor do blog. Agradecemos desde já. Um abraço a todos.


3 comentários:

  1. O anarquismo nunca deixará de ser algo utópico. Sim, já começo afirmando categoricamente, afinal o povo necessita de uma forma de controle. Se a voz popular fosse a da razão, o mundo seria maravilhoso, mas não é bem assim. Um bom exemplo, porém triste é a votação realizada pelo SBT: "O maior brasileiro de todos os tempos". O que me vem a mente quando escuto isso? Não sei ao certo,algo como um jedi piruleta curando o câncer enquanto faz embaixadinhas. Porém o resultado da votação foi surpreendente, celebridades e subcelebridades que eu nem sabia que existiam receberam votos. Deixaram para trás brasileiros que tiveram enorme valor cultural/intelectual não apenas em nosso país, no mundo. Será mesmo que pessoas que elegem Michel Teló, como um dos maiores brazukas de todos os tempos, têm condições de tomar decisões que mudam o rumo da nação? É, Brasil. Assim você se mata!

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  2. Também não creio que um dia o anarquismo deixe de ser utopia. Faço parte daqueles que acreditam que o individualismo, o egoísmo e a busca pelo poder sempre farão parte do intrínseco do ser humano.

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  3. É uma utopia, sim. Porque:

    "Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana."
    — Mikail Bakunin

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