Para os íntimos dos livros
de história, o termo usado para designar Roriz nesse post pode soar estranho,
já que a personalidade mais conhecida e consagrada por esse rótulo foi Getúlio
Vargas durante seus primeiros governos na década de 30. Mas o objetivo
principal desse post é outro, queremos mostrar como a figura carismática de
Joaquim Roriz e o clientelismo político sempre estiveram presentes durante o
tempo em que ele governou a capital federal.
Joaquim Domingos Roriz, mais
conhecido popularmente por seu sobrenome Roriz. Governou por 4 mandatos o
Distrito Federal, sendo 1 nomeado pelo então presidente da República, José
Sarney, e nas outras 3 oportunidades
eleito de forma democrática pelo povo.
Conhecido principalmente por
seu carisma e por sua proximidade com as classes sociais mais baixas do DF, durante
seus governos Roriz foi responsável por distribuir lotes semi-urbanizados localizados
nas cidades satélites de Brasília, incentivando a migração de diversas pessoas
que sonhavam em ter sua famosa casa própria para a capital federal. Afinal, quem aí não tem uma tia, avó ou
até mesmo mãe que ganhou um lote do titio Roriz para morar?
O problema é que com toda
essa campanha de migração promovida por Roriz ao acolher e doar lotes para
famílias que escolhiam Brasília como destino, o então governador acabou criando
um inchaço nas cidades da capital. Quando assumiu o governo, em 1989, ainda
nomeado pelo presidente José Sarney, Roriz decidiu acabar com diversas favelas
situadas no Plano Piloto, oferecendo lotes para as mais de 130 mil famílias
desalojadas que ali estavam. Nesse contexto foi que surgiram cidades como: Itapoã,
Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, São Sebastião e Santa Maria.
Apesar do ideal simpatizante
e cativante de Roriz, principalmente com o Plano Diretor de Ordenamento
Territorial (1992), que visava criar essas cidades satélites com o intuito de
atender a demanda de pessoas que vieram para Brasília em busca de trabalho e
melhores condições de vida, a ocupação dessas regiões de forma desordenada e
sem um planejamento urbano efetivo, acabou gerando problemas que podem ser
sentidos até hoje na qualidade de vida de todo o povo brasiliense. Como o
precário saneamento básico encontrado em diversas cidades satélites, hospitais
que não conseguem atender a demanda de pacientes que o procuram ou até mesmo os
diversos quilômetros de congestionamentos enfrentados no dia-a-dia por todos
aqueles que transitam de automóvel por Brasília.
Brasília foi projetada por
Oscar Niemeyer e Lúcio Costa para abrigar uma média de 500 mil habitantes.
Atualmente, o Distrito Federal conta com mais de 2,6 milhões de habitantes,
sendo que de 1991 até o ano 2000, o que engloba dois mandatos de Joaquim Roriz
como governador, o aumento registrado foi de quase 200% na população, passando
de cerca de 700 mil habitantes no início dos anos 90, para mais de 2 milhões na
virada do século, segundo pesquisas do IBGE em 2000.
Logicamente, ao projetar
Brasília Lúcio Costa e Oscar Niemeyer não imaginavam que os próximos
governadores que fossem eleitos iriam entupir a capital federal com campanhas
de doação de lotes sem planejamento urbano adequado para isso. Utilizando
inclusive áreas que antes eram consideradas de proteção ambiental para acomodar
os desalojados que para cá vieram. Portanto, você aí sentado nessa cadeira
que está lendo esse post agora, saiba que onde você está, onde sua casa foi
construída, provavelmente morava um índio Guarani Kaiowá na sua oca, com sua
mulher e seus dois filhinhos indiozinhos, até que foram despejados do local
para que o lote em que sua família iria morar fosse construído.
Outro programa conhecido,
instaurado em 1998, pelo então governo de Joaquim Roriz foi o “Programa Nosso
Pão, Nosso Leite”. O programa tinha também como foco as classes mais baixas,
atendendo até meados de 2012, quase 50 mil famílias do DF. Até que em maio do
ano passado, o GDF constatou irregularidades no programa, com o número de quase
22 mil beneficiários que na realidade não necessitavam do auxílio proporcionado
pelo programa. O cálculo é de que a verba gasta com esses beneficiários que
nunca foram o foco do projeto chegava a 1,2 milhão de reais mensais.
Analisando esses números,
percebemos que o planejamento bem feito aliado à prática adequada nunca foi uma
das virtudes dos governos de Joaquim Roriz no DF. É bom deixar claro que não
seremos hipócritas a ponto de não dizer que é absolutamente inegável a
importância dos imigrantes que vieram para cá durante todos esses anos que
Joaquim Roriz esteve à frente do governo, e que compõe hoje Brasília,
contribuindo social e culturalmente na construção da cidade. Também é
importantíssimo ressaltar que todas as famílias que vieram para Brasília
durante sua formação, procuraram a cidade somente com o intuito de conseguir um
emprego e um lugar para morar, sem ter noção ou intenção alguma do caos que
viria a tornar-se tudo isso.
Portanto, a culpa pelos
diversos problemas que Brasília enfrentou e ainda vem enfrentando atualmente
pode, e deve ser relacionado com as diversas campanhas de clientelismo e
assistencialismo político promovidas por Joaquim Roriz durante seus mandatos
como governador do DF, assim como o mau planejamento urbano, visando apenas uma
política quase que somente de “compras de voto” para manter-se no governo nas
próximas eleições. Sem se preocupar com o rumo que a expansão desordenada e sem
infraestruturas corretas iria tomar alguns anos depois.
Resolvi escrever esse post
após me lembrar que no ano que vem já haverão novas eleições aqui em Brasília,
e com isso, tenho a certeza de que políticos com força carismática, como Roriz,
provavelmente irão tentar usar sua influência para eleger seus aliados. Perceba
que eu ressaltei que a maioria desses políticos apenas irá usar sua influência,
e não se candidatar legalmente, já que a maioria deles ficou com seus direitos
políticos impugnados após a recente aprovação da Lei da Ficha Limpa, como foi o
caso de Joaquim Roriz, que está inelegível até 2023.
Esta foi apenas uma tentativa de
alerta e conscientização àqueles que se preocupam e pretendem eleger políticos descentes
para governar o DF nos próximos anos. Portanto, não
deixe de comentar e deixar sua opinião sobre o tema. Assim como ajudar
compartilhando o post caso goste e tornando-se seguidor do blog. Agradecemos
desde já. Um abraço, e até a próxima.
Referências, fontes e informações adicionais:
Irregularidades
no “Programa Nosso Pão, Nosso leite”:
Roriz inelegível até 2023:
Políticos com o direito de
candidatura impugnado:
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